Airton Júnior se dedica ao ofício há 14 anos e se diz feliz com o trabalho que exige, acima de tudo, paciência e perfeição.
Em meio a guitarras e violões, Júnior maneja uma das peças e mostra sua criação: uma guitarra diferente das demais. Além delas, outros instrumentos fazem parte do cenário, em seu local de trabalho, no centro da cidade. Em meio aos tumultos do dia, ele inspeciona instrumentos, leva para o ateliê e lá começa o que ele chama de trabalho de paciência e arte. "O trabalho é meticuloso", diz.
A questão para os consertos de violões, violinos e outros instrumentos de corda é a matéria-prima. "Grande parte das ferramentas que utilizo são importadas, porque as nacionais são, de certa maneira, inviáveis para o serviço... há lâminas que não são boas para cortar a madeira e outras que não servem para o restauro da peça. Pode até chegar a danificar", destaca.
Júnior conserta instrumentos vindos de várias partes do Estado e até de outros lugares. Segundo ele, sempre aparecem pessoas do Estado da Paraíba com violas para consertar. "São as mais complexas", diz, brincando. "Somente este fim de ano estou com 30 violões para entregar, são peças que exigem um trabalho apurado, que me levam horas a fio. Um trabalho que exige paciência e arte. Ou você faz um bom serviço ou não faz. Nessa arte, não existe mais ou menos. Além disso, o luthier profissional deve dar todo suporte ao cliente", explica.
Não conformado apenas em consertar, Júnior vinha trabalhando, há muitos anos, na fabricação de uma guitarra diferente das outras. Agora, o seu modelo Flying M1 está pronto e em exibição em sua sala. "Esta guitarra foi confeccionada com diversos tipos de madeira para corpo, braço e escala, além de tipo de encaixe, braço/corpo, captador, cordas, angulação de headstock, tensor, ferragens. Tudo isso influencia na sonoridade e 'pegada' de um instrumento, levando-se em conta sua resistência e capacidade de transmissão sonora", diz.
Segundo Júnior, hoje, com a automatização industrial, importantes processos de transformação nos modelos tradicionais de fabricação têm sido adotados. "No entanto, a demanda por instrumentos feitos artesanalmente como violões, guitarras, baixos, manterão seu lugar no mundo da evolução sem correr o risco de extinção. Na luthieria existe todo um modo de proceder para repetir operações mecânicas, mas coloca ao alcance do músico a possibilidade de aliar a tecnologia à obtenção do visual e da qualidade tonal exclusiva. Mudanças dos modelos e uma nova geração de instrumentos cada vez mais fora do comum estão por vir", salienta.
MÚSICA, UMA PAIXÃO - A música sempre foi uma paixão de Júnior. Desde jovem se interessou pela área e, mais especificamente, pelo conserto de instrumentos. "No início fui, de certa maneira, testando esse dom... depois fiz cursos na área e me aperfeiçoei. Acredito que para ser um bom luthier é preciso paciência, perfeição e qualificação. Uma peça restaurada exige meticulosidade", comenta.
Para ele, o trabalho atual que o torna o mais procurado da cidade foi "uma ideia que já vinha pensando e tornou-se uma questão de gosto, de aptidão", frisa.
O mossoroense é formado em Geografia pela Uern, trabalhava como professor, mas em virtude de sua paixão pela música optou pela profissão de luthier, iniciando como autodidata, passando a se aperfeiçoar sob a supervisão de cursos em Fortaleza, visando adquirir mais conhecimentos.
Atualmente, Júnior atua na área de restauração e regulagem de instrumentos (guitarra, baixo, violão, violino, bateria e outros), não só em Mossoró, como também em outras cidades do Estado.
O QUE É UM LUTHIER? - É o profissional que trabalha com a fabricação e manutenção de instrumentos musicais. Originalmente, de acordo com Airton Júnior, o termo luthieria hoje generalizou-se e denomina todos os profissionais que trabalham com instrumentos, seja de corda, sopro ou percussão. "Esse profissional é responsável por fabricar, manter e afinar, além de entender de música, de sua história e especificidades dessa profissão", detalha.
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